Entre julho de 1942 e janeiro de 1943, os folhetos sumiram. Hans Scholl e seus companheiros foram convocados pelo Exército a lutar contra as tropas soviéticas no front do leste. As atrocidades que presenciaram no campo de batalha e nos centros de extermínio reforçaram ainda mais a convicção dos estudantes. No retorno a Munique, os panfletos tinham um novo título - no lugar do pacato "Rosa Branca", o desafiador "Movimento de Resistência na Alemanha". Essa resistência, entretanto, durou pouco: em 18 de fevereiro, um descuido da jovem Sophie encerrou o sonho. A irmã de Hans subiu as escadarias da universidade para despejar os folhetos sobre os alunos que deixavam as salas. Um servente filiado ao partido nazista delatou Sophie e o irmão. Probst foi preso logo depois. Todos foram indiciados por traição.
O julgamento, quatro dias depois, foi mais um comício político do que um procedimento judicial. O juiz Roland Freisler, nazista até a medula, foi enviado de Berlim para presidir a sessão. Com Freisler segurando o martelo, a corte nem precisaria de promotor público: o próprio magistrado fez o papel de chefe de acusação. Como nenhuma testemunha foi chamada - torturados, os jovens confessaram as ações -, o julgamento se resumiu a um monólogo inflamado do juiz. Até o advogado de defesa indicado pelo Estado pediu a condenação do trio. Calado durante toda a sessão, só abriu a boca uma vez: "Que a justiça seja feita". Sophie não mostrou a mesma covardia. Fitou o juiz e disparou: "Muitos outros pensam as mesmas coisas que nós, mas não têm coragem de admitir. Você sabe que essa guerra está perdida."
Robert Freisler julgou os três culpados de trair a nação e os sentenciou à morte naquele mesmo dia. Hans e Sophie ainda se despediram dos pais na cadeia antes da execução. Não choraram: seguraram as lágrimas até que o pai e a mãe saíssem. Christoph Probst não recebeu visitas. Sua mulher, que acabara de dar à luz seu terceiro filho, estava no hospital e sequer sabia que o marido fora preso. Só pôde dizer adeus a Hans e Sophie: impressionados com a calma e a coragem dos estudantes, os carcereiros feriram o regulamento e deixaram que eles ficassem juntos por mais alguns instantes. Na hora da execução, nenhum demonstrou desespero ou temor. A brava Sophie foi a primeira na guilhotina; Christoph, o segundo. Hans Scholl, o último, ofereceu o pescoço ao carrasco e, antes que a lâmina caísse, proclamou: "Vida longa à liberdade".
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